Amigos,
Mais uma vez venho aqui trazendo uma máquina pra lá de obscura por nossas bandas, o FM-7 da Fujitsu.
Introdução, história e “vindas e voltas”:
Bom, o “Lore” que eu tinha relacionado a esta máquina vinha de alguns MSXzeiros hardcore que costumavam dizer que o único “Color Computer” que gostariam de ter, seria um “CoCo japonês”. Indagados sobre qual máquina seria essa, eles respondiam prontamente: “Fujitsu FM-7”. Tendo em vista que a maioria dos MSXzeiros “hardcore” gostam mesmo é de MSX e não de outros micros, é no mínimo de se ficar intrigado com tal máquina….
Outra lenda que se conta é que este micro só teria sido comercializado no mercado japonês, porém pesquisando um pouco da história da plataforma, constatei que o FM-7 também foi comercializado na Espanha com a marca Secoinsa. A Secoinsa era uma estatal espanhola que teve a maior parte de suas ações compradas pela Fujitsu, sendo esta acionista majoritária. Após a compra, foram convidados a participar do “Projeto Athena”, um plano do Ministério da Educação para informatizar as escolas públicas espanholas (no mesmo molde que aconteceu na Inglaterra com o BBC Micro), porém esse projeto acabou não se concretizando.
Mas seria mesmo o FM-7 relacionado ao TRS-80 Color Computer de alguma maneira? Olhando as especificações do mesmo, chega-se a conclusão de que tirando o fato do FM-7 possuir o mesmo processador do CoCo (Motorola 6809) e um BASIC da Microsoft (muito semelhante ao do CoCo), nada mais é similar. Enquanto os Color se utilizam de um datado VDG, o Motorola 6847, o FM-7 usa um outro 6809 para geração de video. É um “approach” completamente diferente.
Diferentemente do CoCo, o FM-7 usa um PSG próprio para geração do audio. O já conhecido e familiar AY-3-8910 da General Instrument, também usado em outras dezenas de plataformas clássicas.
Recentemente, um grande amigo e cocomaníaco, o Juan Castro, acabou trazendo este micro para o Brasil. Gentilmente, então, ofereci meus serviços para confeccionar um cabo RGB para o mesmo. Quando o micro chegou a minhas mãos, parecia que tinha vindo de algum lixão. Nunca havia visto um micro japonês num estado tão deplorável.
Acabei finalizando o cabo e devolvendo o micro ao Juan, só que houve uma sensação tipo “amor a primeira vista” com o FM-7. Alguns dias depois, sabendo que o Juan estava interessado em um outro micro MSX, acabei fazendo uma “proposta indecente” a ele e oferecendo um dos meus MSX2+ (um Sanyo Wavy 35) em troca do FM-7. Depois dessa o Juan não conseguiu resistir e agora o FM-7 está em minhas mãos. 😉
Overhauling:
Chegando novamente aqui em casa, a primeira providência era dar uma “geral” no bicho, pois como comentei, estava realmente imundo.
O que mais me chamou a atenção na placa deste micro foi, além do número grande de integrados ocupando praticamente todo o espaço da placa, cerca de 5 CIs customizados da própria Fujitsu com os códigos MB112T60x. Não achei absolutamente nenhuma referência na net sobre esses integrados.
Cabos e uso:
Já em sua primeira vinda, eu havia confeccionado o cabo RGB baseado no esquema que achei neste site, e que por sinal contém bastante informação sobre o micro. Reproduzo aqui também a pinagem do conector para monitor colorido RGB, assim como para o conector de video monocromático.
COLOR CRT (DIN8): x 7 6 8 3 1 5 4 2 1: +12V 2: GND 3: Video clock (2Mhz) 4: horizontal sync signal 5: vertical sync signal 6: red 7: green 8: blue MONOCHROME CRT (DIN5): x 3 1 5 4 2 1: +12V 2: GND 3: composite video signal 4: horizontal sync signal 5: vertical sync signal
Para o cabo de cassete, o Juan me deu a dica de que possivelmente um cabo de MSX serviria, já que o conector era um DIN8 e o micro era japonês. Pela lógica havia chances da pinagem ser a mesma. Ainda meio incrédulo, testei com o cabo do meu antigo Hotbit e não é que funcionou perfeito! Agora podendo carregar WAVs, o micrinho se tornou infinitamente mais útil. 🙂
Partindo para a brincadeira :
Agora com o cabo de cassete testado e funcionando, chegou a hora de brincar a sério 😀
O FM-7 possui grande parte dos seus jogos de cassete disponibilizados no formato de arquivo .T77 e com uma pesquisa rápida pela net cheguei ao utilitário T772WAV que nos ajuda a transformar os arquivos T77 em WAV para podermos rodar direto de um PC, MP3 Player, IPhone, etc…
Aí foi só questão de converter e carregar. Infelizmente, alguns WAV não estão carregando como deveriam após a conversão. Aqui vão algumas telas de carregamento de jogos.
Abaixo coloco também alguns videos com demos e jogos. Alguns tem a participação de um convidado especial..rsrs 😀
Demo original do FM-7:
Jogando Galaga:
New Rally-X, com sua música viciante:
Já o F-2 Grand Prix deixou um pouco a desejar:
Conclusão e links:
Bom, a impressão inicial que eu tenho do micro é que ele tem um “feeling” de uso mais para o MSX do que para um CoCo. Uma das principais características dele que me faz lembrar o MSX, é a questão do carregamento extremamente longo dos programas via cassete. Jogos pequenos levam minutos para carregar.
Outra coisa estranha é a responsividade do teclado durante os jogos. Como bem o Juan comentou em um dos videos, no momento que você pressiona uma tecla direcional o micro só considera o pressionamento e não o release da mesma. Precisamos assim pressionar outra tecla para que ele interrompa o comando inicial. Isso torna a jogabilidade bem complicada e em alguns jogos (como no jogo F-2 demonstrado) praticamente inviável. Acredito que uma solução para isso seriam os Joysticks, mas pelo que entendi, para ligá-los é preciso possuir uma outra interface para a conexão dos mesmos, pois o micro não vem com conectores para Joystick.
Abaixo deixo alguns links com informações relevantes sobre esse micro tão obscuro.
- FM-7 World: Toneladas de informação sobre a família FM-7 (em japonês)
- The Fujitsu FM-7: Página com bastante informação (em inglês)
- XM-7: Página oficial do emulador mais conhecido da plataforma (em japonês)
- Secoinsa FM-7: Página com um pouco da história e uso do irmão espanhol do FM-7 (em espanhol)
- Página com mais imagens e especificações do Secoinsa FM-7 (em espanhol)
Para verem o restante das fotos, acessem o meu albúm do Picasa aqui. Espero que tenham gostado e aguardem novos artigos!
Abs,
Daniel
Pingback: Episódio 34 – Dossiê Revista CPU – Parte B | Retrocomputaria