Como eu disse no post anterior, meu foco para o Amiga mudou um pouco. Quando eu decidi tentar realizar essa ideia, eu já estava pretendendo ter um Amiga menos expandido, e que tivesse uma “cara” mais parecida com o meu A1200 da década de 90, quando eu ainda usava disquetes. Mas nem tanto. Afinal, eu ODEIO disquetes!
Fazendo um parênteses, na verdade eu acho disquetes legais. Fui íntimo deles por muito tempo. Em um dado momento, eu arrematei uma coleção de cerca de 8000 disquetes (sim, oito mil!) de um pirata de Amiga que era muito próximo. Mas esses disquetes estavam parados há muito tempo, e muitos estavam bem mofados. No meio tinha umas pérolas que eu simplesmente não podia imaginar perder, pois não se encontrava em nenhum outro lugar. Nessa época ainda não existia Internet por aqui. E mesmo hoje, eu nunca cruzei por aí com muitos deles!
Eu desmontei milhares de disquetes, lavei, limpei, restaurei, copiei, e consegui salvar alguma coisa. Mas muita coisa interessante, boa, rara, se perdeu. Além dessa experiência desoladora, a lentidão intrínseca ao uso dos disquetes nos dias de hoje (e olha que a leitura no Amiga é mais rápida que a média!) me fazem querer distância desses monstrinhos.
Voltando ao A1200c, o grande responsável pelo pontapé definitivo nessa história foi o próprio Ritcho! Ele me presenteou com um A600 desses do Ivan. Branquinho! Não tinha nada demais. Tinha uma ROM de 1MB com os Kickstarts 1.3 e 2.0, o que já era bem legal! Mas eu tinha me desfeito há pouco tempo de um A600 super ultra, e não ia começar tudo de novo! De qualquer modo eu precisava fazer alguma coisa com esse Amiga, que foi um presente muito legal! Cheguei a pensar em comprar uma Furia, uma aceleradora que tinha sido recém lançada pro A600. Mas eu estava sem grana.
Pensei por vários dias e, me lembrei da ideia de meter uma placa de A1200 dentro daquele case super sexy. Lembrei também que na casa dos meus Pais eu ainda tinha um monte de tralhas guardadas. Hora de visitar os corôas!
Encontrei uma placa de A1200 que veio de outro Amigo. O famoso Digão! Também encontrei um outro A600. Esse eu realmente não lembrava. Mas como? Esse foi o meu primeiro Amiga! Ou pelo o case era dele. A placa já tinha doado componentes, e não podia ser recuperada. Se não me engano, eu fiz algum rolo com a placa desse micro, na época em que só tinha Amigas turbinados, e fiquei com um aplaca ruim que serviu como doadora. Mas o case, teclado e drive eram os mesmos desde 1994! O case estava bem amarelado, o teclado idem. Legal! Peguei tudo e vim pra casa.
Essa placa, o Digão deve lembrar, ficou comigo em um dos nossos vários rolos. Eu não lembro bem a circunstância, mas lembro da placa. Ela tinha defeito. Só funcionava se usasse uma aceleradora. E eu pretendia comprar uma ACA 1232 pra esse projeto. Beleza!
Eu ainda precisava de ROMs pra esse A1200. Mais uma vez, o Ritcho gravou pra mim um par de 3.1. E a ACA já estava encomendada!
Em paralelo, e muito antes de começar esse projeto, eu estava construindo lentamente um HD para usar no meu A4000, que também estava sofrendo várias reformas e modificações. Esse HD consistia de jogos apenas, e um sistema de menu usando o excelente AMS-HD, uma versão do excelente Amiga CD32 Games Compilation Toolkit do Lennon Lives, que permitia através de scripts exibir em um menu uma lista de jogos (ou qualquer outra aplicação) com screenshots. Bastava escolher um jogo para executá-lo, e no caso de um jogo com opção para sair e voltar ao sistema (como acontece com os jogos instalados com o WHDLoad), voltava-se ao menu para a próxima escolha. Isso permitia rodar jogos que demandassem mais memória, já que o sistema de menu ocupa pouca memória, e tudo de uma maneira muito conveniente!
Então enquanto eu esperava a aceleradora chegar, e enquanto reunia o material que eu precisava pro projeto, continuava a criar os scripts e screenshots, e montava o HD. Pode parecer, contando agora, que tudo isso levou umas horas. Mas isso, inclusive o fato de reunir placas e etc, levou semanas! Como eu falei antes, passos de tartaruga por causa da falta de tempo…
Quando peguei as ROMs com o Ritcho, testei logo a placa do A1200. Recoloquei antes alguns componentes que faltavam (besteira), mas ela não funcionava. E eu não tinha uma aceleradora. A minha impressão é de que ainda teria vários outros problemas, e que não conseguiria usar essa placa. Nesse ínterim, descobri que outro Amigo, o Arcângelo, tinha uma placa de A1200 novinha que não usava. Comprei a placa dele!
Testei com as ROMs e tudo funcionava. Mas ela estava muito nova, e eu estava com muita pena de mutilar a pobre. Então, a ACA chegou.
Testei com a placa boa, e funcionou. Testei com a placa com problemas, e não funcionou.
Era meados de novembro, e eu estava assoberbado de compromissos, mas estabeleci como meta tentar colocar a placa de A1200 com problemas pra funcionar, ou desistir dela definitivamente, até o fim do ano!
Pesquisei, e encontrei o primeiro defeito. Depois outro, e outro. E no fim, foram 8 defeitos no total! Talvez alguns desses defeitos tenham sido inseridos por mim mesmo, quando aproveitei peças dela pra outros Amigas, mas o fato é que no final foi muito satisfatório ver a placa funcionando!
Alguns exemplos do defeito no vídeo (apenas um dos defeitos):
Depois do reparo:
Adaptei a instalação do tal menu de jogos que estava compilando pro A4000, e copiei pro HD de 60GB que eu já tinha pro A1200, pra fazer uns testes.
Eu não tinha teclado pra placa de A1200, e por algum motivo, com essa aceleradora meu HD não dava boot quando ligava o Amiga. A placa dava boot tão rápido, que não dava tempo do HD fazer o spin up dos discos e estar pronto pra leitura. E como não tinha teclado não podia resetar o Amiga. Então instalei uma chave no Gayle pra poder resetar o Amiga e dar boot pelo HD. Mas apareceram outros problemas que exigiam que eu modificasse ainda algumas coisas na instalação do HD no próprio A1200, que não apareciam no emulador. Então eu ainda instalei um conector PS2 para plugar o teclado de CDTV que eu uso no meu A4000 e poder brincar a vontade:
Desculpem a qualidade dos vídeos. Além de muito “tremidos” (esqueci de usar o tripé), em alguns momento eu repouso a câmera para pressionar o tal botão de reset. Na verdade, esses vídeos tinham apenas a intenção de mostrar ao Ritcho a evolução que eu estava tendo com a placa. Ele acompanhou o projeto desde o início. Nós conversávamos informalmente sobre essas brincadeiras com o Amiga, já que ele também gosta muito de fuçar e modificar, e eu nunca tive a intenção de publicar esses vídeos. Mas como não tenho outro material dessa época, lá vão esses mesmo!
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E ainda era início de Dezembro. E eu já tinha uma placa funcionando (e não tinha pena dessa, ainda mais porque tinha outra), uma aceleradora, um HD, ROMs e um gabinete de A600 sobressalente com teclado, e uma placa de A600 irrecuperável. Bastante munição! Então vambora! Vamos cortar essa criança!
No próximo post… 😉